O regresso pode ser mais complicado que a ida ao Japão; saiba como superar as dificuldades
por Redação Made in Japan
11.08.2009
11.08.2009
Após anos de trabalho no Japão, o dekassegui volta para o Brasil e, em pouco tempo, depois dos abraços e das festas, percebe que as coisas não estão exatamente como havia deixado antes de partir.
Os pais têm cabelos brancos. Amigos estão casados, alguns conquistaram uma vida de sucesso e responsabilidades. Os relacionamentos se reconfiguraram. Ele mesmo mudou, ao incorporar valores da sociedade japonesa, e a sensação de não pertencer ao próprio lar bate forte. O problema é ainda maior para os filhos dele que, habituados com o Japão, passam a ter dificuldades de relacionamento e educação. Nesse momento, é necessário todo o apoio emocional possível, pois a readaptação cultural pode ser um caminho longo.
“É perfeitamente normal a pessoa que regressa sentir esse estranhamento. Portanto, não deve achar que só acontece com ela”, explica a psicóloga Laura Ueno, que viveu por um ano no Japão, de 1998 a 1999, logo depois de terminar a faculdade. “As pessoas absorvem a volta de formas e em ritmos diferentes. Alguém que veio ao Brasil em razão da crise provavelmente foi pega desprevinida, sem planejamento. Ainda assim, não é possível falar que todas terão dificuldades de adaptação. Vai depender muito do suporte de relacionamentos e da estrutura de apoio que o ex-dekassegui tiver”, diz.
O acolhimento pelo meio social, a começar pela família, é um elemento chave para que o ex-dekassegui comece a se sentir parte da vida no Brasil. É, também, um fator importante para que ele mantenha a auto-confiança para, por exemplo, conseguir um emprego no País. Por isso, segundo a psicóloga, são muito bem-vindas iniciativas como procurar amigos antigos e estabelecer novas redes sociais, ao participar de atividades em grupo, sejam elas esportivas, culturais ou qualquer outra com a qual a pessoa se identifique.
Laura faz parte, desde 2003, do programa Orientação Intercultural, entidade ligada à Faculdade de Psicologia da USP, que desenvolve um programa de apoio psicológico a pessoas que moraram fora do Brasil e regressaram. Os participantes do programa, gratuito, têm a oportunidade de conhecer gente que também viveu fora do Brasil e compartilhar suas experiências, tornando possível dar um novo significado a essas vivências.
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